quinta-feira, 1 de março de 2018

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quando os textos estão demasiado arrumados, é o momento certo de dar uma volta ao texto. já lá vai o tempo em que pegava num papel e escrevia, a poesia num lado, a prosa noutro, os desabafos noutro, as notas, tudo separado em caixinhas. o resultado final era uma soma de caixas. e os textos, servem para quê? para nos arrumarmos, os textos são caixas, as caixas são textos.
as palavras.
e os armários.
a violência que sai do armário, para quê?
os momentos
língua portuguesa, a língua portuguesa. tentei usar a língua inglesa, duas línguas em simultâneo, com resultados escassos. a tradução quebra a ordem dos pensamentos, o que é positivo. quebrar o pensamento força-me a pensar duas vezes em duas línguas distintas. reflectir e corrigir. o que é muito melhor do que fazer as coisas sem pensar. mesmo que se diga que é melhor agir do que não agir, agir depois de reflectir duas vezes será quase sempre melhor do que agir depois de reflectir uma única vez ou simplesmente agir sem reflectir.
e sendo a expressão correcta "será quase sempre", é porque a estatística resolve o quase sempre. as poucas vezes que seria melhor agir sem pensar ou agir pensando uma única vez... a menos que o pensamento reflectido duas vezes gere resultados quase sempre melhores mas menos amplificados, sendo o processo criativo da não reflexão ou da reflexão una mais produtivo.
assim, continuo na dúvida, mas estando na dúvida, volto a optar pelas duas línguas, apesar de reconhecer que a todo o momento podemos retornar a este problema.
retornando à violência: porque precisamos de voltar a ela? não é mais produtivo acabar com a fome, aumentar a sustentabilidade?

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when texts are too well organized, it's the right moment to turn the text around. there goes the time when i picked a paper and wrote, poetry for one side, prose for another, outbursts for a third one, and the notes, everything perfectly separated in small boxes, the final result as a sum of boxes, and the texts, what is their purpose? to organize ourselves, texts are boxes, boxes are texts.
the words.
and the closets.
violence comes out from the closet, for what?
the moments
portuguese language, the portuguese language. i tried to use the english language, two languages simultaneously, with scarce results. translation breaks the order of thoughts, what is positive. to break reasoning forces me to think twice with two different languages. to reflect and to correct. much better than doing things without thinking. even if it we can say it's better to act than not to act, acting after reflecting twice will almost always be better than acting after reflecting one single time or simply act without reflecting.
and being the right expression "will almost always", that's because statistics solves the "almost always". the few times it would have been better to act without thinking or acting after thinking only once... unless the resasoning reflected twice creates results almost always better but less amplified, being the creative process of no-reflection or single-reflection more productive.
so, i am still in doubt, but being in doubt, i continue to opt for both languages, despite recognizing we can return to this problem later.
returning to violence: why do we need to return to it? isn't it more productive to end hunger, increase sustainability?

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